Por Claudia Parsons
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O número de crianças fora da escola diminuiu 25 por cento entre 1999 e 2005, para 72 milhões, mas ainda é preciso muito empenho para cumprir a meta de matrícula universal até 2015, segundo um relatório divulgado na quinta-feira pela Organização das Nações Unidas.
O texto da Unesco (agência da ONU para educação e cultura) aponta progressos em relação à meta adotada em 2000 —uma das chamadas Metas de Desenvolvimento do Milênio, contra a pobreza extrema.
A taxa de matrícula na educação primária aumentou 36 por cento na África Sub-Saariana e 22 por cento no Sul e Oeste da Ásia entre 1999 e 2005, em grande parte graças à abolição da cobrança em 14 países.
Em nível mundial, o número de crianças fora das escolas caiu de 96 milhões para 72 milhões nesse período, enquanto a proporção de crianças matriculadas subiu de 83 para 87 por cento, segundo a Unesco.
O Brasil, sozinho, era responsável por cerca de 20 por cento das crianças fora da escola na América Latina e no Caribe em 2005, segundo o estudo.
O relatório destacou, porém, os programas destinados à zona rural do país e a redução do número de adultos analfabetos. “Desde 2003 o Brasil faz da alfabetização dos adultos uma alta prioridade política ao expandir os programas educacionais para jovens e adultos”, afirma o texto da Unesco.
Ainda assim, o relatório aponta o Brasil como um dos 10 países do mundo com mais de 10 milhões de analfabetos, o que representa cerca de 11 por cento da população adulta do país. Os gastos públicos com a educação subiram mais de 5 por cento por ano na África Sub-Saariana e no Sul e Oeste da Ásia, as regiões onde há maior defasagem educacional.
Os principais desafios, segundo o relatório, são matricular as crianças mais vulneráveis e marginalizadas, melhorar a qualidade do ensino, reduzir o absenteísmo e estimular a ajuda dos países ricos.
“Neste ponto intermediário [até 2015], nossa avaliação se inclina pelo positivo, mas ainda há muito por fazer”, disse Nicholas Burnett, diretor do estudo intitulado “Relatório Global de Monitoramento da Educação para Todos”.
O texto inclui um Índice do Desenvolvimento da Educação para Todos, segundo o qual 25 dos 129 países citados estão longe de cumprirem as metas, sendo cerca de dois terços deles na África Sub-Saariana.
“Estamos no caminho certo, mas, conforme os sistemas educacionais se expandem, eles enfrentam desafios mais complexos e específicos”, disse Koichiro Matsuura, diretor-geral da Unesco.
O relatório diz que o mundo precisará de 18 milhões de novos professores primários até 2015, e que a ampliação das taxas de matrícula às vezes leva à contratação de professores pouco capacitados para suprir a demanda.
Segundo a Unesco, os governos também negligenciam a alfabetização de adultos. Em todo o mundo, há 774 milhões de analfabetos funcionais —um em cada cinco.
“A alfabetização feminina em particular tem uma forte influência sobre a educação e saúde das crianças, e apesar disso elas representam 64 por cento dos adultos não-alfabetizados em todo o mundo”, aponta o relatório.
Quanto à ajuda internacional para a educação, ela é “bem aquém dos 11 bilhões de dólares necessários anualmente”, e não há ênfase suficiente na educação primária e na África Sub-Saariana.