Por Denise Luna
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo brasileiro decidiu retirar 41 blocos de elevado potencial de produção da próxima rodada de licitação de áreas de petróleo e gás, depois que a Petrobras descobriu no campo de Tupi, na bacia de Santos, a maior reserva do país.
Resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), divulgada após reunião de mais de 5 horas no Rio de Janeiro, determina a retirada dos blocos relacionados a possíveis reservatórios nas chamadas áreas pré-sal, uma faixa ultraprofunda de 800 quilômetros que se estende dos Estados do Espírito Santo a Santa Catarina.
Os 41 blocos que serão retirados da nona rodada estão nas promissoras bacias de Espírito Santo e Santos e também na já produtiva bacia de Campos.
A decisão do governo, que vai desagradar às mais de 60 empresas, muitas delas estrangeiras, que estavam inscritas para o leilão, foi tomada após a confirmação pela Petrobras, nesta quinta-feira, da maior reserva de petróleo e gás já descoberta no país, no campo de Tupi, com volume de até 8 bilhões de barris de óleo equivalente.
“Estávamos tratando a política de petróleo do país de uma maneira mais modesta, pequena. E com essa descoberta o país se torna exportador”, disse a jornalistas a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, após a reunião extraordinária do CNPE.
“É a preservação da soberania do país, mas mantendo no leilão outras áreas que não tenham nenhuma interface com a descoberta”, acrescentou a ministra.
Segundo ela, com a exclusão dos 41 blocos restaram 271 para o leilão, que está marcado para o final desse mês.
“Podemos ir para um patamar onde estão Arábia Saudita e Venezuela”, disse Dilma, acrescentando que, após Tupi, o país terá que reavaliar a maneira de explorar petróleo, devido à elevada profundidade da camada pré-sal.
As atividades de exploração da Petrobras em águas profundas haviam alcançado até agora níveis de aproximadamente 3 mil metros, mas as áreas pré-sal podem estar em profundidades de até 6 mil metros.
“Temos que parar para avaliar como vamos tratar a exploração em águas ultraprofundas. Talvez tenha que fazer alterações na forma de exploração”, disse Dilma.
LEILÃO AINDA ATRAENTE?
Segundo ela, a reavaliação do setor também vai passar pela definição de preço dos blocos a serem leiloados no Brasil, já que o potencial mudou.
“Por exemplo, o poço que estava sendo vendido por 150 milhões de reais tem que ser revisto”, disse, sem esclarecer se eventuais revisões já seriam realizadas para a próxima rodada.
Nas rodadas de licitações, são ofertados blocos de três tipos: áreas maduras, áreas de elevado potencial e outras em novas fronteiras.
A ministra disse que apesar de os 41 blocos terem sido retirados de áreas de elevado potencial, o total dos blocos dessas áreas no leilão era de 120.
“Permanece mais que a metade dos blocos de alto potencial”, disse Dilma, respondendo a questionamento sobre se a medida do governo não retiraria o interesse de parte das empresas.
Foram retirados do leilão 26 blocos da bacia de Santos, 13 da de Campos e 2 do Espírito Santo.
Questionada se a Petrobras ficaria com os blocos, ela respondeu: “Vamos avaliar para o país qual é a melhor forma de contemplar o interesse nacional. Não é opção exclusiva dessa ou aquela empresa, mas ter certeza que o objetivo é preservar a riqueza do país”.
Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier