Por Rodrigo Viga Gaier e Mair Pena Neto
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta segunda-feira a criação do fundo soberano do Brasil, cuja principal fonte de financiamento será o superávit primário do setor público.
Segundo ele, o objetivo do fundo é “apoiar a internacionalização das empresas nacionais no exterior”.
Perguntado se o fundo somaria 20 bilhões de dólares, como já havia dito o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e o próprio Mantega, o ministro da Fazenda foi enigmático: “Parece, mas nem tudo que parece é.”
“O funding do fundo soberano é basicamente o primário”, acrescentou.
“O fundo terá reservas orçamentárias e fiscais, poderá ter reservas de valor e primárias e poderá fazer operações no exterior.”
Segundo notícias publicadas neste final de semana na imprensa, o governo estaria pensando em aumentar o superávit primário deste ano dos atuais 3,8 por cento para cerca de 5 por cento e direcionar os recursos extras para o fundo.
O ministro irá detalhar o funcionamento do fundo em entrevista coletiva na terça-feira, prevista para 15h.
A criação do fundo foi apenas oficializada nesta segunda-feira, uma vez que o governo já havia antecipado tais planos, mas isso não poupou a medida de críticas.
Para Sérgio Werlang, vice-presidente executivo do Itaú, um fundo soberano não deveria usar recursos fiscais e sim servir como uma alternativa para aplicação das reservas internacionais, como ocorre em outros países.
“Do ponto de vista fundamentalista, o Brasil hoje não precisa ter reservas de quase 200 bilhões de dólares. Também não acho apropriado usar os recursos de um fundo para investir na internacionalização de empresas. Não é a função típica de um fundo soberano. A aplicação deve ser feita em papéis de grandes empresas estrangeiras de outros países”, disse ele.
Reportagem adicional de Aluísio Alves