BRASÍLIA, 18 de abril (Reuters) - O aumento da produção agrícola exigido para fazer frente às recentes elevações nos preços dos alimentos demandará vontade política dos governantes e não será viabilizado por forças do mercado apenas, afirmou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Na economia rural clássica se diz que, quando os preços aumentam, a produção aumenta e os preços baixam. Isso não vai ocorrer nesse caso porque, nos países pobres, os produtores vão ter dificuldade em ter acesso a sementes, a fertilizantes e a alimentos para o setor pecuário”, afirmou Jacques Diouf a jornalistas.
Preços elevados de alimentos, resultantes de safras ruins e de preços recordes de combustíveis, têm desencadeado violência em países em desenvolvimento, incluindo o Haiti e a Indonésia, especialmente naqueles que dependem de importações para o abastecimento doméstico.
A FAO alertou, na última semana, que as revoltas se estenderão caso líderes mundiais não tomem medidas para reduzir os preços para os pobres.
“Tudo vai depender das ações políticas e das ações humanas como respaldo a essa vontade política. Se colocarmos mais recursos na agricultura, se colocarmos mais recursos na agricultara familiar, se podemos assegurar que os produtores pobres terão acesso aos insumos... podemos mudar a situação”, afirmou o chefe da FAO, acrescentando que essas mudanças não podem ser colocadas em prática “em dias”.
Diouf não quis avaliar detalhes da questão do biocombustível, sob o argumento de que o assunto será tratado em uma conferência especial em Roma em junho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou nesta semana críticas de que os biocombustíveis —alguns deles produzidos a partir de grãos, especialmente na Europa e Estados Unidos— são parcialmente responsáveis pela elevação dos preços dos alimentos. [ID:nN16460700]
Reportagem de Isabel Versiani; Edição de Roberto Samora