BRASÍLIA, 22 de outubro (Reuters) - A indefinição sobre a extensão da crise financeira global e seus efeitos no Brasil levaram o senador Delcídio Amaral (PT-MS), relator do Orçamento, a prever cortes de custeio e investimento em seu parecer preliminar.
“Vamos ter que fazer um corte na composição de custeio e investimento para fechar a conta da nova receita”, disse ele à Reuters nesta quarta-feira.
Ainda que mantenha intactos os recursos destinados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o parlamentar governista disse temer pelo ritmo e volume de aporte de recursos na exploração do pré-sal.
“Em função da crise e dos preços do petróleo, vejo com preocupação o andamento do programa de investimentos no pré-sal”, acrescentou.
Para ele, mesmo que o governo decida não fechar a torneira, a descontinuidade poderia vir do setor privado.
No relatório prévio, Delcídio propôs corte de até 13 bilhões de reais, equivalentes ao limite de 20 por cento no custeio da máquina pública e do Projeto Piloto de Investimentos Públicos (PPI), segundo dados divulgados por sua assessoria de imprensa.
Segundo o governista, o Orçamento reserva 39 bilhões de reais para investimento direto sem considerar as estatais. Desse montante, 21 bilhões estão dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e são considerados intocáveis pelo Planalto.
“Com isso, sobram 18 bilhões de reais livres para mexer.”
Na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu cortes nas despesas se a crise atingir o Brasil de forma contundente.
“Temos que nos adequar a uma situação que não sabemos o quanto vai durar. Temos que nos prevenir”, afirmou o senador.
Os cortes previstos, no entanto, preservam programas e investimentos sociais.
Reportagem de Natuza Nery, Edição de Mair Pena Neto