Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - Em linha com expectativas de analistas do mercado e em meio a incertezas crescentes no cenário internacional, o Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa básica de juro em 11,25 por cento ao ano nesta quarta-feira. A decisão foi unânime.
Em breve comunicado, o colegiado do Banco Central evitou se comprometer com as futuras decisões, afirmando que “irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”.
Pesquisa Reuters feita junto a 24 instituições financeiras na última semana mostrou que todas apostavam em juro estável. Os analistas apontavam as turbulências externas e preocupações com a inflação como justificativas para a manutenção da Selic.
“A inflação corrente continua pressionada, a expectativa de inflação aumentou, a utilização da capacidade da indústria se mantém em nível recorde e o consumo continua vigoroso. Tudo isso está na cabeça do Copom. Além, naturalmente, do cenário externo bem conturbado”, afirmou o economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini.
A inflação tem sofrido nos últimos meses pressão dos preços de alimentos. Em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês com alta de 0,74 por cento e, no ano, o indicador subiu 4,46 por cento.
As expectativas do mercado para o IPCA em janeiro, levantadas pelo BC, subiram nas últimas três semanas e estão hoje em 0,58 por cento. Para o ano, os prognósticos são de uma inflação de 4,37 por cento.
É grande, agora, a expectativa do mercado com a divulgação da ata do Copom, que poderá trazer indicações sobre os próximos movimentos do BC e detalhes sobre a percepção da diretoria do recente agravamento do cenário externo.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, classificou de “equivocada” a decisão do BC.
“A crise é lá, nos Estados Unidos, e eles reduzem os juros e desoneram impostos. Enquanto isso, aqui no Brasil, quando o fim da CPMF traz condições para redução da Selic —de acordo com estudo do próprio Banco Central—, a área econômica do governo opta por uma conduta equivocada e que desestimula o crescimento”, afirmou Skaf em nota.
A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 4 e 5 de março.
Com reportagem adicional de Vanessa Stelzer