Por Gilles Castonguay
MILÃO, 25 de agosto (Reuters) - Investidores estão acumulando sérias dúvidas sobre a habilidade da Fiat em cumprir suas metas de 2009, dada a forte competição no setor, matérias-primas caras e a dependência da montadora em dois mercados: Itália e Brasil.
“Será que a Fiat consegue desafiar à gravidade em 2009? Nós achamos que não”, disse o Merrill Lynch, que rebaixou a Fiat para “underperform” ante recomendação anterior de “compra”.
Assim como sua concorrente francesa PSA Peugeot-Citroen (PEUP.PA), a Fiat se fixou em suas metas para 2008 e 2009, depois de anunciar resultados trimestrais sólidos no último mês.
O presidente-executivo da empresa, Sergio Marchionne, reconheceu os desafios, mas manteve suas metas ambiciosas estabelecidas em seu plano para o grupo.
Apesar de analistas esperarem que a Fiat atinja suas metas este ano, eles acreditam que essa sorte irá acabar em 2009. Ao menos três corretoras, incluindo a unidade do Citigroup não acreditam que o lucro operacional da montadora chegue perto dos 4 bilhões de euros estabelecido para o próximo ano.
A Fiat e outras montadoras têm enfrentado um período difícil este ano.
A venda de automóveis em seus maiores mercados europeus caiu com o aumento no preço dos combustíveis, queda de crédito, inflação e a economia em desaceleração, fatos que desencorajaram compradores em potencial a irem às lojas.
Para tentar contornar este problema, a Fiat tem lançado novos modelos e passado a produção para países com custos mais baixos.
Em 2007, a Itália representou 37 por cento das vendas do grupo Fiat e o Brasil, 27 por cento, afirmou o Commerzbank. Quanto ao lucro, o Citigroup prevê que o Brasil responderá por quase todo o lucro em 2008.
“Essa pequena diversificação geográfica deve ter consequências negativas, à medida que o crescimento no Brasil enfraquece e o mercado italiano se deteriora rapidamente”, disse o Commerzbank.
No Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) espera que os custos mais altos de empréstimos ao consumidor levem a um crescimento de vendas mais lento no segundo semestre do ano, depois de um pico em julho.
Há também a competição com a Volkswagen AG (VOWG.DE) e outros. Eles estão ansiosos para aumentar a fatia de mercado no Brasil, onde o forte crescimento econômico recente compensou a estagnação em seus países de origem.
Como resultado disso, o Commerzbank vê o crescimento de vendas das unidades da Fiat no Brasil decrescendo de 20 por cento este ano para 5 por cento em 2009.