Por Fabio Gehrke
SÃO PAULO 26 de setembro (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, com a cautela do investidor antes do final de semana na expectativa de uma decisão sobre o plano de socorro do governo norte-americano às instituições financeiras.
A moeda norte-americana BRBY subiu 1,76 por cento, a 1,853 real. A divisa acumula alta de 1,26 por cento nesta semana, marcada pela forte volatilidade com as incertezas sobre o plano de ajuda de 700 bilhões dólares.
Durante toda a semana, o dólar operou com forte volatiildade em função das tensões relacionadas à disputa no Congresso norte-americano sobre o plano, acumulando no período alta de 1,26 por cento. Em setembro, a valorização da moeda estrangeira supera 13 por cento.
“A tendência é de muita cautela, o mercado está aguardando uma definição do plano de ajuda do Tesouro para o mercado financeiro”, afirmou Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista, ressaltando a ligação dos mercados domésticos aos movimentos internacionais.
A cautela dos investidores pôde ser observada no volume negociado durante a semana, quando a média diária não superou os 2 bilhões de dólares, bem abaixo da média registrada no último mês de quase 4 bilhões de dólares.
O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo .BVSP operava em queda de aproximandamente 3 por cento, enquanto em Wall Street, o termômetro econômico Dow Jones também apresentava números vermelhos.
Uma porta-voz da Casa Branca afirmou nesta sessão não ver razão alguma pela qual o pacote de resgate do sistema financeiro dos EUA não seja finalizado até segunda-feira.
“Com a demora (da aprovação do pacote), o pessoal começa a se perguntar se os 700 bilhões de dólares serão suficientes”, afirmou o diretor.
Paulo Fujisaki, analista da corretora Socopa, possui avaliação semelhante, acreditando que o mercado está operando em modo de espera e que mesmo com aprovação do pacote o mercado “vai continuar delicado”.
Na metade da sessão o Banco Central realizou um leilão de venda de dólares com compromisso de recompra. A autoridade monetária vendeu o total dos 500 milhões de dólares que ofertou, com taxa de venda a 1,848 real e taxa máxima de recompra a 1,883574 real.
Na última sexta-feira, o Banco Central realizou uma operação semelhante derrubando em mais de 4 por cento a moeda norte-americana. No entanto, o leilão desta sessão não teve o mesmo efeito.
Segundo Rodrigues, a injeção de liquidez do BC não foi sentida na cotação do dólar pois esta está refletindo um movimento de cautela dos investidores e não uma eventual escassez de moeda.
“Hoje, todo mundo está se protegendo antes do final de semana que pode trazer novas notícias” sobre o pacote de ajuda norte-americano, disse o diretor, explicando que os investidores estão realizando operações de hedge. “É medo, aversão ao risco.”
O BC realizará nesta sexta-feira uma pesquisa para medir a demanda do mercado por um leilão de swap reverso na segunda-feira, com o objetivo de rolar contratos com vencimento em 10 de outubro. O resultado da pesquisa, com as condições do possível leilão, será diivulgado às 18h30.
Reportagem adicional de Jenifer Corrêa; Edição de Vanessa Stelzer