Por Fabio Gehrke
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, revertendo a direção no final do dia com a entrada de recursos e o desmonte de posições no mercado futuro, segundo analistas.
Em uma sessão de cautela pelo cenário externo negativo, a moeda norte-americana caiu 0,37 por cento, para 1,596 real. Na semana, o dólar acumulou baixa de 0,68 por cento.
O dólar passou parte da sessão em alta, refletindo o mau humor das principais bolsas de valores. Mas na última hora de negócios, voltou a romper o nível de 1,60 real.
Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, o mercado seguiu a volatilidade global. “O pessoal vai vendendo as ações de bancos e vai levando tudo para baixo.”
As bolsas norte-americanas operavam em queda por preocupações com o preço do petróleo e o temor de mais perdas no setor financeiro. Por aqui, no entanto, o principal índice da bolsa paulista apresentava alta moderada.
“Do ponto de vista do investidor aqui continua sendo interessante. A gente não vê saída (de dólares) do mercado”, acrescentou Galhardo, referindo-se à baixa do dólar no fim da sessão.
Ele também lembrou que exportadores aproveitam as altas pontuais da divisa para fechar contratos, o que volta a derrubar a cotação do dólar.
De acordo com Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, a volatilidade deve-se mais a fatores internos. “Na realidade, ninguém tem muito interesse que o dólar caia abaixo de 1,60 real”, disse o diretor, ressaltando que os bancos continuam com posições compradas (que apostam na alta da moeda norte-americana).
Essas instituições aproveitam a alta da cotação para desmontar posições e despejam dólares no mercado à vista.
O diretor espera que na segunda-feira o mercado cambial também opere com volatilidade com a “briga pela Ptax”, taxa usada na liquidação dos contratos futuros.
Nesta sexta-feira, o Banco Central realizou um leilão de swap cambial reverso e vendeu 31.060 contratos de uma oferta total de 35.000. A operação foi equivalente a 1,485 bilhão de dólares.
O BC também realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista e definiu taxa de corte a 1,6015 real.
Mais cedo, o governo divulgou medidas que flexibilizam regras para as operações cambiais, num esforço para internacionalizar o real. Segundo Galhardo, da Treviso, o mercado ainda está digerindo o anúncio.