Por Jeremy Gaunt
LONDRES, 27 de outubro (Reuters) - O Grupo dos Sete (G7) alertou nesta segunda-feira que o fortalecimento do iene representa uma ameaça à estabilidade financeira e econômica do mundo. O comentário representa o mais recente esforço coordenado dos países mais ricos do mundo para sanar a pior crise financeira dos últimos 80 anos.
Os sinais de que a crise continua a ganhar terreno evidenciavam-se no planeta todo. A Coréia do Sul cortou a taxa de juros, a Austrália interveio no mercado cambial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) saiu em ajuda da Hungria e da Ucrânia.
Frente às previsões de que o Federal Reserve cortará a taxa básica de juros nesta semana, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, deu pistas de que as medidas podem ser mais amplas.
“A inflação vem caindo e isso significará que as autoridades monetárias do mundo todo, entre elas o Banco da Inglaterra, terão espaço para tomar decisões sobre as taxas de juros”, afirmou à rede BBC.
O índice MSCI .MIWD00000PUS das principais ações mundiais estava em baixa de mais de 2 por cento no final da manhã, com perda de 50 por cento no ano. O índice de mercados emergentes .MSCIEF perdia quase 3,5 por cento.
A volatilidade aumentou nos mercados financeiros, à medida que os investidores vêem-se obrigados a vender ativos que compraram com dinheiro emprestado a fim de pagar credores ou cobrir chamadas de margem.
A “desalavancagem” é crucial para restabelecer a estabilidade de longo prazo e a saúde do sistema financeiro. Mas a velocidade e a amplitude com que o processo ocorre vêm provocando pânico entre os investidores e deixando apreensivos os líderes políticos.
O fenômeno atingiu mais recentemente os mercados cambiais, algo descrito por David Shairp, estrategista global no JPMorgan Asset Management, como “o novo ápice da crise”.
Um breve comunicado do G7 centrou-se no iene, alimentando especulações sobre a primeira intervenção em quatro anos do Banco do Japão no mercado.
“Estamos preocupados com a recente volatilidade excessiva do iene e sobre suas possíveis implicações adversas para a estabilidade econômica e financeira”, afirmou o grupo, do qual participam Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Canadá.
A rápida valorização de 12 por cento do iene frente ao dólar ameaça as exportações japonesas no momento em que a segunda maior economia do mundo corre risco de entrar em recessão. O dólar, no entanto, vem se valorizando frente às principais moedas, com exceção do iene.
O Mitsubishi UFJ Financial Group (8306.T), maior banco do Japão, disse que levantaria até 10,6 bilhões de dólares por meio de emissão de novas ações.
O primeiro-ministro do país, Taro Aso, afirmou depois de um encontro de emergência que o governo ampliaria o esquema por meio do qual os bancos têm acesso a recursos públicos e que tornaria mais rígidas as regras sobre a venda de ações a descoberto.
Os países em desenvolvimento também começaram a recorrer ao FMI em busca de ajuda, a fim de responder à pior crise financeira desde a Grande Depressão.
O Fundo afirmou ter selado um acordo com a Hungria para fornecer um “pacote substancial de financiamento” nos próximos dias que incluiria a concessão de fundos pela União Européia (UE) e por alguns governos europeus individualmente.
No domingo, o FMI já havia acertado um empréstimo de 16,5 bilhões de dólares à Ucrânia.