Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O interesse do governo de São Paulo em vender sua fatia na elétrica estatal Cesp não é novo e ganhou força devido aos avanços da regulação do setor de energia que estão sendo implementados pelo governo interino do presidente Michel Temer, afirmou à Reuters nesta sexta-feira o secretário da Fazenda de São Paulo, Renato Villela.
Ele disse que ainda não há uma definição ou um cronograma para a privatização, mas que o governo tem avaliado a situação do mercado para avançar com a venda.
“Ao longo dos últimos anos sempre fomos procurados por investidores, principalmente do setor financeiro... Com a regularização das regras a gente certamente está com uma visão mais positiva (sobre a eventual privatização)”, afirmou.
Em 2011, o governo paulista chegou a tentar privatizar a Cesp, mas a incerteza sobre o futuro de hidrelétricas da companhia cujos contratos de concessão estavam próximos do vencimento travou o processo.
“Não avançamos muito nisso por conta da incerteza e das imprevisibilidades do marco regulatório, mas isso já está sendo corrigido a partir de agora... Essa é a intenção do Estado (vender a Cesp), já há bastante tempo, e com essa estabilização das regras do jogo é provável que uma das principais barreiras tenha sido retirada”, afirmou Villela.
Ele não quis, no entanto, adiantar em quanto tempo as análises poderiam ser concluídas e nem comentar se o Estado venderia toda sua participação na companhia.
“Esses detalhes a gente agora vai começar a olhar com mais cuidado, são várias possibilidades e estamos avaliando”, disse.
A Cesp possui um valor de mercado de 3,87 bilhões de reais. O parque gerador da companhia é composto por 1,65 gigawatt em hidrelétricas em operação no Estado de São Paulo.
As ações da companhia fecharam nesta sexta-feira com alta de 18,82 por cento na bolsa paulista, na maior alta desde outubro de 2008, após falas de Villela sobre a eventual privatização da empresa repercutirem no mercado.
O secretário da Fazenda paulista fez os primeiros comentários sobre a retomada das análises sobre uma possível venda da Cesp em café da manhã promovido pelo banco JPMorgan para investidores na manhã desta sexta-feira.
Reportagem adicional de Paula Arend Laier