Por Taís Fuoco
SÃO PAULO (Reuters) - A Sun Microsystems do Brasil começou o esforço para identificar os usuários do banco de dados MySQL, baseado em códigos-abertos, e torná-los clientes rentáveis da companhia de infra-estrutura de tecnologia.
A Sun anunciou a compra da MySQL, companhia criada na Suécia, em fevereiro deste ano por 1 bilhão de dólares. No Brasil, entretanto, embora existam usuários do banco de dados que pode ser baixado gratuitamente pela Internet, não existia nenhuma estrutura comercial da empresa.
A expectativa da subsidiária é acrescentar entre 250 e 300 novas contas neste ano fiscal, que termina em 30 de junho de 2009, segundo Rodolfo Fontoura, presidente da Sun do Brasil, em encontro com a imprensa.
Com a MySQL, a Sun ingressou no segmento de banco de dados, mercado que movimenta 15 bilhões de dólares por ano e ainda espera associar ainda mais seu nome aos softwares de código aberto. “Ficamos ainda mais associados ao conceito de open source”, disse Fontoura.
Segundo ele, a primeira coisa que a subsidiária passou a fazer após a conclusão dos trâmites da compra foi levantar a malha de parceiros e de clientes da MySQL no país.
“É difícil achar uma empresa que não use o MySQL”, afirmou o executivo, que, entretanto, ainda não tem o número de usuários fechado.
Ele informou poder revelar que a companhia Paggo, braço da Oi de sistemas de pagamento via celular, é uma usuária, assim como algumas redes de varejo “do Brasil inteiro”, segundo Fontoura, que pedem, no entanto, sigilo de seus nomes.
Usar o banco de dados de forma independente é algo que qualquer empresa pode fazer. Se quiser contar com serviços de implantação e suporte, entretanto, as corporações precisam assinar contratos com pagamentos mensais com a companhia, que hoje é parte da divisão de softwares da Sun.
“Não dispomos de estatísticas específicas sobre o número de usúarios em cada país, só o total de downloads”, afirmou Kaj Arno, vice-presidente mundial da Sun para o MySQL.
O banco de dados está instalado hoje em mais de 10 milhões de computadores, mas o número de contratos corporativos, segundo ele, está na casa dos “cinco dígitos”.
A Sun já montou equipe de vendas, consultoria e suporte dentro da divisão de software para atender o segmento de banco de dados e espera credenciar canais de venda especializados nesse mercado.
Apesar dos recentes movimentos da rival HP, a Sun considera que não houve nenhuma ruptura em suas atuais parcerias.
A HP anunciou neste ano a compra da EDS para se fortalecer no segmento de serviços e na semana passada anunciou uma parceria com a Oracle — uma das principais companhias em banco de dados no mundo — para que esta possa ingressar no segmento de hardware.
“A Oracle continua e continuará a ser uma grande parceira da Sun. Eu entendo que Oracle e MySQL endereçam mercados ainda distintos”, afirmou Fontoura.
No caso da EDS, ele explicou que a companhia “continua a manter uma aliança significativa com a Sun”, mas destacou que ela acontece prioritariamente na área de servidores, e não em todos os segmentos em que a Sun atua.
“No final, o juiz disso tudo é o cliente. Ele é quem vai ditar o rumo. O impacto maior desses movimentos é para a IBM, e não para a Sun”, reiterou.