Por Elisabete Tavares
LISBOA (Reuters) - A Portugal Telecom e a Telefonica poderão chegar a uma solução para a brasileira Vivo em breve, mas uma saída alternativa à atual oferta de 7,15 bilhões de euros da espanhola pode ser pior para os acionistas da empresa portuguesa, segundo analistas.
“Pensamos que o valor para os acionistas da Portugal Telecom e da Vivo de uma solução alternativa a este ‘bid’ pode ser significativamente menor do que o implícito na oferta da Telefonica”, segundo a Bernstein, que cortou a recomendação da Portugal Telecom para ‘underperform’ e baixou o preço-alvo de 9,5 euros para 7 euros.
“Para os acionistas da Portugal Telecom seria melhor a oferta já em dinheiro, porque diminui o risco. Isso seria o ideal. Para a empresa, talvez não fosse tão positivo porque perderia dimensão”, disse Pedro Pinto Oliveira, analista do BPI.
O analista não acredita que “haja muito mais a ganhar do que os 7,15 bilhões de euros oferecidos pela Telefonica”.
A venda da participação da Portugal Telecom na Vivo à Telefonica foi vetada por Lisboa, que usou a sua ‘golden share’ na telecom portuguesa contra a vontade de 74 por cento dos votos expressos na Assembleia Geral, mas na quinta-feira a ‘golden share’ foi considerada ilegal pelo Tribunal Europeu de Justiça (TJE).
A Portugal Telecom e a Telefonica já se mostraram disponíveis a negociar uma solução para a maior operadora de telefonia móvel do Brasil, e os analistas esperam um anúncio possivelmente antes de 16 de julho, data em que expira a oferta da espanhola.
O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira, disse que o governo português vai respeitar a decisão do TJE, mas quer salvaguardar o interesse nacional.
O Executivo tem dito que é estratégico que a Portugal Telecom mantenha a sua atual dimensão e escala global, que passa pela manutenção da presença no Brasil.
Entretanto, os analistas do Cheuvreux consideram que “a decisão do Tribunal Europeu fortalece o poder de negociação da Telefonica”.
Uma das soluções alternativas com maior probabilidade de se concretizar é a fusão da Vivo com a Telesp, empresa de telefonia fixa da Telefonica no Brasil, com a Portugal Telecom como acionista minoritária do novo grupo, segundo analistas.
“A solução mais provável passará por uma fusão entre a Telesp e a Vivo, em que a Portugal Telecom assegurará uma participação minoritária, mantendo desta forma a exposição ao Brasil como o governo pretende”, afirmou a analista Alexandra Delgado, do Millennium investment banking, em uma nota de research.
Ela observou ainda que a Telefonica asseguraria uma solução mais rápida e conseguiria a desejada consolidação do fixo-móvel no Brasil.