HAVANA (Reuters) - Cuba anunciou nesta sexta-feira que irá abrir o debate sobre os planos para reformar a Constituição do país aos cidadãos que moram no exterior, no que será a primeira participação de seus emigrantes nesta discussão deste a Revolução de 1959.
O projeto de Constituição, que irá substituir a de 1976, mantém como “irrevogável” o sistema socialista unipartidário de Cuba, mas inclui uma reorganização governamental e busca fórmulas para o reconhecimento do mercado e da propriedade privada.
“Os cidadãos cubanos no exterior terão a possibilidade de participar do debate do projeto da nova Constituição”, disse Ernesto Soberón, diretor de Assuntos Consulares e de Cubanos Residentes no Exterior no Ministério das Relações Exteriores da ilha.
A participação “constitui um feito inédito na história da Revolução”, disse Soberón em comunicado. O diretor afirmou que atualmente 1,4 milhão de cubanos residem permanente ou temporariamente em mais de 120 países, principalmente nos Estados Unidos, México e Espanha.
O ministério não deixou claro se os cubanos que vivem no exterior poderão participar posteriormente de um referendo que ainda não tem data para ser realizado e indicou que poderão fazer suas propostas através de uma página na internet.
Durante a época da Guerra Fria, o governo de Cuba descreveu cidadãos que abandonaram o país como “traidores” e “vermes”, entre eles um grupo de médicos que decidiu emigrar nas primeiras décadas da Revolução.